Dia Internacional da Mulher Rural

Assinala-se hoje, 15 de outubro, o Dia Internacional da Mulher Rural. Um conceito que pode ser criticado e amplamente discutido. Afinal, existem apenas mulheres, evidentemente, em diferentes espaços, tempos e contextos históricos. No entanto, até que ponto o lugar permite estabilizar rótulos e escalar o grau de significado e as oportunidades que são criadas e disponibilizadas para as mulheres?

Com efeito, há também vidas reais nas nossas comunidades. Existem histórias, experiências, conhecimentos e lições que podem reforçar e sustentar as constantes demandas pelo poder político. É fundamental respeitar as experiências, as visões e as mundividências das localidades na formulação dos problemas, na construção das agendas e na definição das medidas. Neste contexto, as mulheres desempenham um papel central. Uma vida é sempre mais bem descrita pelo seu próprio autor, independentemente das eventuais limitações que possam advir do seu grau de perceção e exposição.

Em Angola, os dados do censo populacional (INE, 2016) apontam para uma realidade de prevalência rural, ou seja, 91,5%, sendo as mulheres o género com maior representação territorial, representando 52% da população angolana. Em relação aos agregados familiares, as mulheres chefiam apenas 38% dos lares, em comparação com os homens, e têm uma taxa de fecundidade de 5,7 filhos.

Ao longo dos vários anos de independência e de paz em Angola, têm sido implementados diversos programas e planos com o intuito de atender às necessidades e aos desafios das mulheres. O empoderamento das “mulheres rurais” destaca-se como uma das principais iniciativas.

Que desafios, entre outros, continuam a marcar a realidade das mulheres?

  • O empoderamento ainda se revela, por vezes, como uma forma de impor às pessoas (mulheres do meio rural) a adopção de comportamentos que os técnicos e especialistas de desenvolvimento consideram adequados. Esta abordagem assume-se como uma forma de estigmatização, uma imposição e uma aceitação induzida da condição de desqualificação. Esquecemo-nos de que todas as pessoas possuem conhecimentos e competências em diversas áreas;
  • A representação estatística e a participação das mulheres por via da distribuição de quotas continua a ser uma garantia meramente nominal, que não capta devidamente a complexidade do problema;
  • O aumento da cobertura de áreas menos asseguradas e sustentáveis. Regista-se um aumento do número de mulheres que encontram na economia informal a melhor estratégia de sobrevivência, limitando, assim, o seu acesso a recursos que poderiam maximizar as suas liberdades e capacidades.

Scroll to Top